sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Coisas Antigas

  Desde pequena eu sempre gostei bastante de coisas antigas, não somente a coisa em si, mas o que vem com ela. Quantas historias cabem dentro de uma casa que vive trocando de dono? Quanto já guardou uma caixinha antiga, onde alguém guardava seus segredos? Ou quem sabe um diário perdido? E aquela arvore que um dia uma senhora, quando era criança, viu alguém plantando? O quanto ela já viu?
 Um dia alguém criou alguma coisa, uma boneca, uma pulseira, uma caixinha, qualquer coisa, e então alguém a teve, e se isso foi importante para esse alguém então guardou um pouco da sua história. Em quantas mãos um único objeto já passou? Alguns tem o nome de quem o criou, alguns são esquecidos até acharem um dono, que guarde um pouco da sua história nele.
 E aquela velhinha, que guardou a boneca dos seus treze anos, e volta a ter essa idade toda a noite, quando olha a boneca. Ou o senhor que guardou o relógio do filho, que mora longe, mantendo ele perto. Ou quem sabe aquele anel de compromisso, que sabe de quem era, mas que ficou guardado, escupido em uma rua de cimento... Um dia alguém o derrubou.
 Coisas antigas guardam momentos, pessoas, histórias, tantas coisas... E todo mundo tem o seu, um caderninho de anotações, um anel, uma pulseira, um brinco... Até mesmo a casa onde mora, todo mundo tem um objeto, por mais que nem sempre perceba. Todos se vão um dia, mas os objetos permanecem um pouco mais, guardando histórias, guardando alguém que não existe mais; talvez até outro alguém o encontra-ló, e ele ter que guardar mais algumas coisinhas.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Tempo

Engraçado pensar em que semana retrasada minha mãe e eu estávamos observando um rapaz pintar o muro da firma onde meu padastro trabalha; achamos estranho ele ter apenas um rolinho pequeno e pintar com uma pintura um tanto ''falhada'', mas em uma semana estava tudo pintado. Hoje eu fiquei encarando o muro pronto, eu o vi antes, o vi sendo pintado e estava olhando ele com aquela tintura, naquele momento. Daqui alguns anos eu posso passar por lá e me lembrar de quando esse muro era de outra forma, ou rir da minha mãe e eu rindo enquanto olhávamos e conversamos; alguns anos mais tarde ele pode ser pintado novamente, e então lembrarei de ele antes, depois de pintado e depois novamente, com nova pintura. Parece tão estranho pensar assim, em como passa rápido o tempo.
 Me lembrei de quando ficava até tarde assistindo Barbie, ainda sei quase todas as músicas; o mesmo de Camp Rock, e de um punhado de filmes. Pensei em baixar um filme da Barbie e em ouvir as músicas que eu nem lembrava mais, tanto desse quando de outros filmes não citados. Isso me faz olhar para trás e pensar que eu tô começando a crescer, de pouco em pouco, ficando velha. Acho que quando nem nos importamos e resolvemos voltar a ver essas coisinhas que não víamos é sinal de que o tempo passou para nós, mas bom... Nunca é tarde para poder lembrar, não só dos filmes e músicas, como do momento em que os via há anos atrás, de como as coisas eram. Isso pode dar um aperto no peito, uma saudade imensa, mas nos lembra de não esquecer.
 Eu fico me perguntando se quando eu estiver adulta, ter conseguido um emprego, ou coisa do tipo, eu vou olhar para trás e me lembrar de estar aqui escrevendo isso, ou se vou lembrar da minha melhor amiga cantando músicas comigo nos horários vagos das aulas. A mãe dela dizia que depois dos quinze o tempo passa voando, e que na outra semana você percebe que já tem trinta. Que medo que me deu, eu nem sei se estou realmente aproveitando o agora, essa parte da vida que tantos queriam de volta; não sei se consigo ver ela se desfazendo, indo com o vento, mas todos passamos por isso, não é? Faz parte, e guarda lembranças boas. Se eu pudesse sair mais de casa estaria em uma praça, distribuindo abraços para quem quisesse, me oferecendo para ouvir historias, tentando não pensar que há perigos por toda a parte; mas eu não posso sair sempre, porém  não quero reclamar, pois estou escrevendo isso, e tenho que achar coisas boas e ignorar o que eu ainda não posso fazer. Mas tudo bem, quem sabe daqui um tempo você me veja em algum lugar, já que eu pretendo ir para vários, abraçando pessoas, distribuindo frases ou letras de músicas, pedindo para que me contem historias e tudo mais... Quem sabe a gente se conhece desse jeito louco.
 Histórias e mais historias, a vida é feita disso, mas cada um tem a sua; e não podemos esquecer o tempo, coisa que não podemos ver, mas que é algo que deveríamos prestar atenção, vai tão rápido, nos levando com ele, sem pedir permissão, sem saber se pode; apenas nos carrega na vida. Aproveitar os dias, os momentos, amar as pessoas, ter bom convivo e outras coisas, faz com que essa força que nos puxa para frente seja bem gasta, bem aproveitada... Lembrar que vivemos de mãos dadas com o tempo pode fazer com que notemos melhor a vida, já que também vivemos de mãos dadas com o mundo, e temos que tentar entrelaça-las na realidade, na verdadeira realidade.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Da História Das Pessoas Que Eu Nunca Conheci

 Cada carro uma história, cada casa uma história, cada objeto um dono. Um homem falava no orelhão, sobre o quão difícil é seu trabalho; uma mulher dançava sozinha na rua, sorrindo para todos e dizendo que tinha achado alguém; um homem sentado no chão de cabeça baixa encarou a todos que passavam, pedindo socorro com os olhos. São tantas pessoas que eu nunca conheci, e que nunca vou conhecer, todas com historias diferentes, todos com rumos diferentes, cada uma delas uma vida diferente. Se observamos um acidente numa rodovia achamos comum, sem lembrar que estamos dizendo adeus a uma historia que nunca conhecemos, e dai não vamos mais conhecer; e se esquecendo de que um dia, talvez não num acidente, mas que no mesmo rumo em que as que estavam nele, estaremos nós, sem volta; só mais uma historia, uma outra grande historia, que pode estar por ai, rodando pelo mundo, dançando no vento.
 Há pessoas dentro de casas, dentro de lojas, dentro de carros, dentro de tudo, até mesmo da rua; há pessoas dentro do mundo, e isso basta. Quantas vezes alguém com uma historia inteiramente nova passou pela gente, e se foi, sem dizer uma palavra? Quem sabe ela talvez tivesse se tornado sua melhor amiga, ou amigo, caso tivesse convidado-a para trocar algumas palavras? Não se sabe, nunca saberemos, mas a vida é assim. Já pensou no que vai acontecer nas próximas semanas da vida de uma pessoa quando a vê dentro de um carro? Ela pode estar indo trabalhar, viajar, encontrar alguém, ter um momento de sucesso, ou pode estar indo a lugar nenhum, são tantas as coisas que podem acontecer. Já pensou sobre o que aconteceu com aquele homem, ou aquela mulher, que deu um sorrisinho quando fez sinal para que você, ou quem quer que estivesse com você, passasse na frente? E na moça da loja de roupas que foi tão educada? Ou com o senhor que te implorou uma moeda frente a um semáforo no vermelho? E no rapaz daquele carro que dirigiu do seu lado por algum tempo até o sinal finalmente alcançar o verde? E no seu amigo de quando era menor, que nunca mais ouviu falar? Ou  sua amiga que sumiu do nada? Como será que estão todas essas pessoas? Quem são essas pessoas, de verdade? Quais são suas historias? Tantas perguntas sem respostas.
 Um rapaz estava em família, seguindo uma viagem, quando se prenderam em um enorme congestionamento, ele abriu o vidro do carro e puxou conversa com o rapaz do carro ao lado, lá também tinha uma moça, e ambos contaram para aquela família em viagem que estavam indo visitar a vó que há muito não viam, e que eram casados há anos, e também que estavam passando por um aperto, não estavam com muito dinheiro, mas conseguiram o suficiente para poder encontrar a vó. Sorte a do rapaz que chamou o outro, ou ele jamais saberia tudo isso. Mas do que isso é importante? Bom... Se cada um soubesse um pouco da historia do outro iam aprender um pouco mais sobre o mundo, sobre quem o habita. Sorte a do rapaz, já que hoje o outro rapaz é seu melhor amigo, já que as duas famílias agora visitam a vó Romeria, que sempre ri de como eles se conheceram ''em um congestionamento, meus filhos? Que ideia boa! As pessoas só aceleram e aceleram!''
 Quantas historias diferentes já perdemos por hoje? Quantas historias diferentes perderemos amanhã? Mas se falarmos com algumas pessoas, as vezes, quantas novas ganharemos?

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A Primeira.

Então você fica o dia todo sem saber o que fazer, encarando as paredes de um quarto que praticamente resume sua vida, até que lê o comentário de uma amiga em uma coisa que você escreveu, dizendo que o sonho dela é que tenha um site só seu, então você cria um blog, e resolve escrever sobre todas as suas bagunças diárias, sobre qualquer coisa. Você nunca pensou em dividir o seu mundo maluco de outra forma alem de escrever livros, mas acha que isso pode ser bom, então está escrevendo isso. Essa será sua primeira postagem, e você espera do fundo do seu coração que fique boa.

 Das coisas que se acumulam em algum lugar dentro de mim

 Encarar um céu com chuva, ver cada gota caindo, parece tão comum para alguns, mas cada gota de chuva vem de uma gota do mar, da água de um rio, da cor de um riacho; elas vão em direção ao céu como vapor, e depois caem junto com muitas outras. Podemos imaginar tantas coisas; se imagine em um lago, peixes habitam em você, quando você se transforma em vapor e vai em direção aos céus, então se transforma novamente, e cai com milhões de outras, em um dia calmo, ou em um em que trovões anunciam sua queda.
 Sentei-me encostada a um tronco de arvore, encarando a noite escura, onde diversas estrelas brilhavam no céu. Há quem diz que em diversos planetas existem vida, será que lá em cima então, alguém também observa o céu? Alguém está pensando se alguém como eu possui existência? Olá, caro amigo, que também observa o oceano em formas de pontinhos brilhantes, gigantes se você visse de perto.
 Vivemos em um lugar que gira e gira, e abriga bilhões de sentimentos que se transformam em pessoas, mas ainda assim é um pontinho minusculo em uma grande galáxia, que é um pontinho minusculo ao lado de diversas outras. Me perguntaram uma vez o motivo de estarmos aqui, talvez estejamos aqui para não mais estar, já que podemos ousar dizer que já sabemos que vamos parar de respirar. ''Mas que medo, menina, vou virar um vazio depois dessa passagem'', eu não acho assim, mas se você acha, não vai poder sentir, por isso mesmo é uma questão que deve ser bem analisada, já que aqui cada pontinho tem milhões de sentimentos grandes demais dentro de si mesmo, isso, devido a grandura, poderia parar de existir? Eu não sei, ninguém sabe, creio eu, mas são grandes e intensos, sendo bons ou ruins, para irem para lugar nenhum; mas quem somos nós para questionar a existência?
 O mundo é magico, a natureza é bela, e as pessoas possuem sentimentos. Um dia de cada vez, digo eu, para aquele homem que não tem roupas novas há anos, que deita em um banco e não sai dali, que não come há dias e quer ir embora daqui. Esse se senta, observa um garotinho, que foi para a praça onde ele se encontra, e se deitou na grama, sem se preocupar com o caos do mundo, do que poderia acontecer por ele estar sozinho, como sua mãe tanto diz, e o prende por medo; hoje ele saiu; ''ele está vivo!'' pensa o homem, que não o via na luz do dia há anos. Ele contempla as nuvens e grita para o homem que criou uma meta para si mesmo, em que faz tudo o que pode ser feito, e que ele quer, uma meta em que é obrigatório ser feliz, mesmo se tiver tristeza, porque toda tristeza foi feliz um dia, toda tristeza pode ser feliz de volta. Há uma nuvem com um traço enorme, para ele ela significa o infinito, nos lembrando que estamos em um mundo onde podemos pensar, pelo menos dentro de nós mesmos; podemos alegrar o dia de alguém, saltar pedras, nadar em um rio, abraçar um estranho, amar o que nunca achou que pudesse; existir, acima de tudo. E você, você já viveu hoje? Você vai viver nos próximos meses, ou nos próximos anos? Sobreviva, viva, aprenda a pertencer a si mesmo, e ao mundo que pelo menos por um momento é sua casa.